quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Froome e a Sky ou a Sky e Froome - parte um.


A Sky começou em 2010. Na sequência do êxito do ciclismo britânico na pista, a televisão Sky foi convencida a apoiar a criação de uma equipa inglesa de ciclismo de estrada. O Reino Unido tinha até então pouca tradição no ciclismo de estrada, pódiums no Giro e na Vuelta com Robert Millar, um Campeonato do Mundo com o malogrado Tom Simpson.
Na primeira leva de 2010 foram contratados Christopher Froome e Geraint Thomas, antes ciclistas na equipa inglesa / sul-africana da Barloworld. Bradley Wiggins só entrará na equação a sério em 2011. Portanto, Froome e a Sky nasceram um com o outro.
Froome, todos sabemos, nasceu em 1985 no Quénia, filho de ingleses. Passou a juventude na África do Sul e aí começou a correr e a competir, sendo a sua primeira influência o corredor sul-africano Robert Hunter, daí a Barloworld. Correu em 2008 em Portugal, na extinta Volta ao Distrito de Santarém. E em 2009 foi "um prometedor" 36º no Giro. Em 2010 e na primeira metade de 2011 terá estado a combater uma famosa bilharzíase, doença com origem africana. Tratada a coisa, a primeira corrida de responsabilidade de Froome foi a Vuelta de 2011, onde Wiggins ia tentar pela primeira vez ganhar uma prova de três semanas. Froome aguentou onde Wiggins tremeu, bateu-o nas montanhas, no contra-relógio, e discutiu a vitória palmo-a-palmo com um espanhol, Cobo, que, este sim, nunca mais voltou a fazer nada de jeito. Sucederam-se os artigos sobre a surpresa Froome. Escreviam sobre um "natural-climber" que, já em 2010, fora segundo no campeonato inglês de contra-relógio. O anonimato dos primeiros anos de profissionalismo de Froome teriam sido pela tal da bilharziose? A verdade é que Froome revela-se já na "idade do passaporte biológico" e este nunca apitou. O salbutamol viria só seis anos depois. A verdade também é que se a Vuelta de 2011 não tivesse acontecido Froome teria sido despedido da Sky.

Quando a Sky foi criada a ideia era "ganhar o Tour em cinco anos". Aconteceu logo em 2012. E em 2013 e 2015 e 2016 e 2017 e 2018.
Bradley Wiggins já era uma estrela antes de chegar à Sky. Cinco anos mais velho do que Froome, multi-medalhado na pista, em 2009 conseguira um quarto lugar no Tour, surpreendendo tudo e todos, logo atrás de Armstrong. Portanto... se em 2010 Wiggins andou "a pastar" e em 2011, depois de ganhar o Dauphiné, caiu no Tour e tremeu na Vuelta, no Tour de 2012 Wiggins era na mesma o chefe-de-fila da Sky e Froome - a confirmar-se a sua prestação na Vuelta - a sua principal ajuda, o "super-domestique". Quando se fala de 2012 as pessoas esquecem que nesse ano Wiggins ganhou também o Paris-Nice, a Volta à Romandia e o Dauphiné, para além do Tour. Ah, e a medalha de ouro no contra-relógio dos Jogos Olímpicos de Londres. Nem nos seus melhores sonhos a Sky pensaria ganhar tanto tão cedo. E, com a excepção de parte do Tour, nada disto foi feito às costas de Froome. Peso por peso, Froome nunca produziu depois um ano assim. Mas a realidade é o que lembramos: Froome a esperar por Wiggins nas subidas do Tour. Isto demonstrou duas coisas: Froome era o futuro da Sky no que ao Tour dizia respeito, primeiro, e Froome não gostava de esperar por ninguém, segundo.

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